quarta-feira, 8 de abril de 2015

04/02/2015 14h39 - Atualizado em 04/02/2015 14h42
Minibibliotecas são instaladas em táxis para incentivar a leitura em MT
Cliente pode chamar o bibliotáxi por meio de aplicativo de celular.Se não terminar de ler, cliente pode levar o livro para casa e devolvê-lo depois.
 Minibibliotecas estão sendo instaladas nos veículos para que os clientes esqueçam do trânsito e coloquem a leitura em dia. Por meio de um aplicativo celular, a pessoa pode chamar o táxi que tem a minibiblioteca em seu veículo. A leitura é grátis e, se chegar no seu destino final sem terminar de ler, o cliente pode levar o livro para casa. A devolução pode ser feita em qualquer outro táxi do mundo cadastrado no aplicativo.
 O aplicativo foi criado por um brasileiro e hoje é usado em 180 cidades de 35 países. O gerente do aplicativo, André Dionísio, disse entender a necessidade de melhorar a leitura no país. "Nós colocamos os livros dentro do táxi e ajudamos as pessoas para que tenham acesso à leitura", disse o gerente.
Ele ainda relata que o Brasil tem um grande problema de congestionamento no trânsito e isso ajuda o cliente as se distrair. “Ao ler, o passageiro se distrai e nem percebe o trânsito lá fora”, afirmou André. Os táxis cadastrados no aplicativo são abastecidos por uma rede de livrarias, mas também são aceitas doações. São mais de 800 mil exemplares que circulam no táxis.

texto extraído do: g1.globo.com/mato-grosso/noticia/2015/02/minibibliotecas-sao-instaladas-em-taxis-para-incentivar-leitura-em-mt.html

01/04/2014 16h22 - Atualizado em 02/04/2014 10h17

Biblioteca comunitária é instalada em ponto de ônibus em bairro de Cuiabá

Espaço disponibiliza 1.000 livros em ponto no bairro Morada do Ouro.Idealizadores dizem que a intenção é estimular a leitura na capital.




Usuários do transporte coletivo podem pegar livro em biblioteca de graça (Foto: Rayane Alves/ G1)
Uma biblioteca comunitária foi instalada em um ponto de ônibus no Bairro Morada do Ouro, em Cuiabá. A ideia faz parte de um projeto que tem como objetivo estimular a leitura. Uma das idealizadoras do projeto, Letícia Moraes, acredita que pequenos gestos como esse podem ajudar a melhorar a educação na capital. Ela e outras pessoas pesquisaram sobre diferentes ações sociais e resolveram colocar o projeto em prática.
Durante a pesquisa, foi encontrado um programa desenvolvido no Japão que incentiva a leitura a partir da doação de livros. Os exemplares são inseridos nos principais pontos de ônibus daquele país. “Depois que vimos no Japão, ficamos sabendo que Brasília também implantou bibliotecas em alguns pontos. Isso nos chamou a atenção porque em Cuiabá não existe nenhum projeto como esse”, disse Letícia ao G1.
Conforme Letícia, quando ela pensou em implantar o projeto na capital, várias pessoas começaram a rir e a fazer comentários negativos, dizendo que a ideia poderia não dar certo. "As pessoas não estão acostumadas com esse tipo de ação, e por isso, me falavam que depois de inaugurado o espaço, não iria ter nenhum livro porque seriam todos roubados", comentou. Mesmo com dúvida, ela decidiu seguir em frente.
A biblioteca funciona durante o dia todo. Ao todo, 1.000 exemplares já foram doados pela comunidade para compor o acervo. Os livros estão divididos nas categorias de enciclopédias, literatura, gibis, dicionário e marketing. Também livros construtivos que auxiliam na formação de um acadêmico de direito e administração.

Livros biblioteca em ponto de ônibus (Foto: Rayane Alves/ G1)

De acordo com Letícia, como a biblioteca foi inaugurada há apenas três dias, o pedido de doação de livros foi em diferentes categorias. Mas, com o passar do tempo, o projeto vai buscar personalizar o espaço para livros de literatura e história de Cuiabá. Por enquanto, os livros serão trocados semanalmente, mas depois eles deverão ser trocados a cada dois dias com outros temas e revistas atualizadas.
Para implantar a biblioteca no ponto, foi necessário fazer alguns reparos. Além de pintura, o ponto de ônibus recebeu uma manutenção completa em toda a estrutura. Depois de instalado, também foi realizado um teste para verificar se com a nova estrutura os livros não molhariam com a chuva.
Para o empréstimo dos livros não existe regra. Todos os moradores do bairro, ou até mesmo de outro podem pegar o livro para ler no local, ou levar para casa. Porém, a única determinação é que os livros que forem utilizados pelo leitor seja devolvido no mesmo local ou até mesmo trocado por outro que a pessoa desejar.

“Caso a pessoa goste do livro e não tiver tido tempo de terminar de ler, pode levar para casa", explicou. Ainda conforme Letícia, para fazer doação basta ir na biblioteca comunitária que fica localizada na Avenida Milton Figueiredo, no Bairro Morada do Ouro, na capital.

texto extraído do:g1.globo.com/mato-grosso/noticia/2014/04/biblioteca-comunitaria-e-instalada-em-ponto-de-onibus-em-bairro-de-cuiaba.html

CRÔNICA - INTERPRETAÇÃO E REDAÇÃO

Ø  Leia o texto a seguir.
Os livros como paixão[1]
“Ladrão de livros de 85 anos é proibido de entrar em bibliotecas da Califórnia. Folha Online, 14 nov. 2002
Ninguém compreende minha paixão por livros, suspirava ele. E era uma grande paixão: o pequeno apartamento em que vivia estava literalmente atulhado de romances, livros de contos, obras de autoajuda, textos médicos, até. Não que ele os lesse. Ler era secundário. O importante era possuir os livros, saber que toda aquela riqueza cultural do passado estava ali, ao alcance de sua mão. A mão que acariciava as lombadas, que folheava amorosamente as páginas.
 O problema é que livros custam dinheiro. E dinheiro lhe faltava. Aos 85 anos, vivendo de uma modesta aposentadoria, o ancião não podia dispender muito em livrarias. Por isso roubava. “Roubo”, aliás, era uma expressão que lhe desagradava; preferia falar em algo como “redistribuição da riqueza intelectual”. Mas o eufemismo não o ajudava muito. Nem as mãos trêmulas, nem a lentidão.
 Cada vez que ia roubar um livro, deixava cair uma pilha inteira no chão. Mais do que isso, não sabia disfarçar: os bibliotecários sabiam quando ele estava roubando. Pediam-lhe as obras furtadas de volta e, justiça seja feita, ele nunca se negou a fazê-lo. Era parte de um jogo, um jogo que ele adorava, e cujas regras sempre respeitou.
 Infelizmente, porém, os bibliotecários cansaram deste jogo. E um acordo entre eles resultou em uma decisão: o homem agora está proibido de entrar nas bibliotecas. Não adianta ele dizer que quer apenas consultar jornais. Não adianta, também, dispor-se a ser revistado. A paciência dos responsáveis simplesmente terminou.
 Resta-lhe refugiar-se em seu sonho. E que sonho é este? Ele sonha que um dia vai ganhar muito dinheiro — num cassino, ou numa loteria. E aí comprará uma grande e antiga biblioteca — que será só dele. Ninguém mais poderá frequentá-la. Só ele. Ali irá todos os dias.
 Para roubar livros, claro. E os bibliotecários, seus empregados, não poderão dizer nada. Mais: terão de fingir que não percebem o furto. E ele roubará o que quiser.
Belo sonho, consolador sonho. O único inimigo deste sonho é o tempo. Com 85 anos, quanto mais ele poderá esperar pelo cassino ou pela loteria? O tempo é um grande e implacável ladrão. E não tem nenhuma paixão por livros.
O escritor Moacyr Scliar escrevia às segundas-feiras, nesta coluna, um texto de ficção baseado em reportagens publicadas no jornal.”
SCLIAR, Moacyr. In Folha de S. Paulo, São Paulo, 25 nov. 2002.

1. Como você observou, o escritor Moacyr Scliar baseou-se em um fato cotidiano para escrever seu texto. O que há de inusitado na notícia em que ele se inspirou?
 a) Qual parte do texto é fictícia e qual é real?
2. A paixão que o velho senhor sentia pelos livros era incomum. Explique por quê.
3. Para esse senhor, “ler era secundário”, embora em geral o importante na aquisição de um livro seja o prazer da leitura. Como se pode compreender o apego dele aos livros?
4. O velho senhor não lia os livros, mas sabia que eles guardavam uma grande riqueza cultural. Que valor os livros têm em sua vida? De que modo você usufrui do convívio com eles?
 5. O protagonista ou personagem principal dessa narrativa era um senhor norte-americano, já de idade avançada, que estava “vivendo de uma modesta aposentadoria”.
 a) Como vivem os aposentados no Brasil? Exponha sua opinião.
6. Interprete este trecho: “...preferia falar em algo como ‘redistribuição da riqueza intelectual’”.
7. Além de ser considerado um “implacável ladrão”, o tempo é acusado de não ter “nenhuma paixão por livros”. Por quê?
8. No texto, o narrador é observador ou personagem? Justifique sua resposta.
9. Quanto à linguagem do texto, pode-se dizer que a narrativa é impessoal e objetiva ou pessoal e subjetiva? Por quê?
10. Essa narrativa apresenta características de um texto jornalístico ou literário?
11. Como ocorre nas crônicas em geral, nesse caso o narrador emprega verbos no presente e no pretérito e usa a variedade padrão da língua, num registro informal. Explique qual é o objetivo da crônica.

O texto lido é uma crônica, ou seja, uma narrativa condensada que focaliza um flagrante da vida, pitoresco e atual, real ou imaginário, com ampla variedade temática. Normalmente veiculada em jornais ou revistas, a crônica está na fronteira entre texto literário e não literário. Sua linguagem costuma ser subjetiva e coloquial, e sua ação, rápida e sintética. Seus personagens, se comparados com os do conto, têm menor densidade e características psicológicas mais superficiais. Embora predominem as sequências narrativas, a crônica também pode apresentar trechos dissertativos.
Inspirada em um fato real, a crônica de Moacyr Scliar apresenta as características típicas do gênero, além de misturar humor à crítica social. Vemos uma linguagem fluente, coloquial, e um enredo rápido e simples.
Esteja a crônica voltada para o âmbito jornalístico ou apresente caráter literário, ela costuma surpreender pelo desprendimento com que são tratados os fatos, em geral relacionados ao cotidiano, a temas atuais. Dentre nossos melhores cronistas, temos: Luis Fernando Veríssimo, Affonso Romano de Sant’Anna, Fernando Sabino, Lourenço Diaféria, Rubem Braga, Moacyr Scliar, Carlos Drummond de Andrade, Rachel de Queiroz, Cecília Meireles e muitos outros.



Características da Crônica:
Ø  Geralmente é publicada em jornais e revistas;  
Ø  Relata de forma artística e pessoal fatos colhidos no noticiário jornalístico e no cotidiano;  Texto curto e breve;  
Ø  Tem por objetivos: divertir ou fazer refletir criticamente sobre a vida e os comportamentos humanos;
Ø   Pode apresentar elementos básicos da narrativa: fatos, personagens, tempo e lugar;  O tempo e o espaço são limitados;  
Ø  Pode apresentar narrador-observador ou narrador-personagem;  
Ø  Linguagem geralmente de acordo com o padrão culto formal ou culto informal da língua.

http://www.youtube.com/watch?v=jQVvKZQ9jOo&feature=related
 (nesse vídeo estão sendo entrevistados dois importantes cronistas brasileiros: Luiz Fernando Veríssimo e Moacyr Scliar. ) 


[1] Texto retirado do livro: Oficina de redação de Leila Lauar Sarmento.